três poemas de "cigarros na cama",
de ricardo domeneck
3.
Comecei a fumar porque você fuma
e eu certamente não queria viver
mais que você. Agora já sem
o seu hálito, suas bitucas e cinzas
na mesma cama, começo o dia
com um cigarro, exatamente
e ainda pelo mesmo motivo.
12.
Fumando na chuva,
curvado e ainda mais corcunda,
preferindo proteger o cigarro,
não a nuca.
17.
Passo a fumar à francesa
segundo a sua descrição
e nomenclatura: com o cigarro
na mão direita
levo-o ao canto esquerdo da boca,
deixo os dedos levemente abertos
com o cigarro nos lábios
entre o indicador e o dedo médio,
fazendo côncavas as bochechas
com a inspiração do fumo,
mas talvez eu esteja apenas
imitando-o agora à distância
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