Para Bel

Então tinham os feudos, né. Senhor, senhora, escravos, como uma família deve ser. Crocodilos nos fossos, pontes levadiças. Não existia comércio, as relações eram à base de trocas de produtos. O branco disse pro índio " te dou esse espelho e você me dá sua existência medíocre, te dou meu Deus e você vira personagem de história em quadrinho, ok?""Ok". Toda a produção era destinada ao sustento local. Os escravos não ganhavam nada dos senhores porque eram escravos, os servos ganhavam e por isso deviam gratidão aos senhores. "Gratidão, irmãos". O elefante é natural da Ásia e da África, né, e tem boa memória. Durante séculos os elefantes foram desdentados, devido ao alto valor de seus dentes, que são formados por uma massa de substância opaca, chamada marfim - antes da substância o plástico era usado para a fabricação de refinadas bolas de bilhar, espécie de jogo de sinuca. É somente em sua juventude que os dentes possuem esmalte. Para desdentar um elefante, é preciso matá-lo. Sua carcaça é deixada às aves de rapina. A lei do sexagenário estabelecida antes da abolição determinava a alforria do escravo após 60 anos quando este já não tinha os dentes e não prestava mais para o trabalho. Devido a um rápido declínio da população de elefantes, a matança deste comércio foi proibida. Mas a caça e o comércio clandestino de seus dentes ainda é realizada, masmo após a abolição da escravatura. No pré-capitalismo, o trabalho assalariado não havia estabilizado, o produto era fruto do trabalho e não da venda da força de trabalho. Os artesãos. Não, os artistas... Não. É, os artesãos do chipotle eram donos dos ofícios, das ferramentas e da matéria-prima. Aí vieram os comerciantes e atravessadores que não produziam mas pegavam os produtos e pssavam. Lucro, né. Essa é a fase primitiva da acumulação de capital ou fase de “especulação”. A especulação imobiliária é a compra ou aquisição de bens imóveis com a finalidade de vendê-los ou alugá-los posteriormente, na expectativa de que seu valor de mercado aumente durante o lapso de tempo decorrido. Aí precisa revitalizar o Porto, né, derrubar escola, ser sede dos jogos de Olímpia, na Grécia. Assim os atravessadores criaram o capitalismo comercial. Cansados de ficar com barquinho pra lá, barquinho pra cá, resolveram sentar um pouco e construir uma indústria. A maior causa de acidentes de trabalho nas obras é o uso inadequado ou não uso dos equipamentos de proteção para economia de dinheiro. Já no corte de cana, os migrantes usam um paninho na boca e fazem 5 minutos de Tai Chi, que tem suas origens na China, para cortar 5 a 6 toneladas de cana por dia. Cada tonelada vale um espelho de Tupã para ver o futuro. Começa a aplicação de capital no setor industrial. Melhor fixar o salário, pra ficar sério. Fica evidente a separação das classes. Na classe A, os alunos mais inteligentes vão passar com boa classificação no vestibular. Na B, vamos convencê-los a tentar uma faculdade de arte. A C, paga a mensalidade e é isso que importa, o resto é com os pais. Senhor, senhora e escravos, como deve ser. Na clase A então, os donos dos meios de produção, né. E na segunda, o trabalhador, com sua força de trabalho. A, sentadinhos. B, trabalhando. C, desdentada. O vírus começou na Inglaterra e se espalhou pela Europa, Estados Unidos e Japão e agora todo mundo já pegou. Durante um tempo falaram sobre uma vacina, mas os que detinham a receita, enlouqueceram de tanto tomar e viraram estátuas. As indústrias começaram a querer crescer e crescer e formar o poderoso Megazorde e criaram as multinacionais que detinham todos os epelhos de ver o futuro e os rumos do mercado. De cima de uma torre alta era possível observar todos os presos da cadeia ou os funcionários, loucos, estudantes, artistas, professores, presidentes. Celebraram um casamento enre o Verbo e a Verba por ali, parece que foi lindo. Tinham crocodilos e pontes levadiças. Foi um elefante que viu e me contou, eles vivem por séculos mesmo sem dentes.